domingo, 5 de abril de 2009

QUEM É QUEM?

Fritz Roloff - Presidente da AGPTEA
Mais uma vez o ano letivo se iniciou num cenário de grandes e inúmeras incertezas para os profissionais da rede pública estadual. Os diversos governos que passaram pelo Palácio Piratini, para se eleger, utilizaram-se do tema educação como prioridade do programa, mas, na prática, nunca fizeram isso. O atual governo, e a conjuntura que nós estamos vivendo, é uma das piores para a educação enfrentada até hoje. Para poder implementar o seu projeto, usa-se uma tática de enfraquecimento da escola pública e de ataque aos direitos dos trabalhadores. As táticas usadas pelo governo estadual são a enturmação, a multiseriação, séries diferentes e diferenciadas na mesma sala de aula, e o fechamento de escolas, salas de aula, bibliotecas, laboratório de informática, além do sucateamento das Unidades Educativas de Produção das Escolas Técnicas. Especialmente as agrícolas vivem um verdadeiro drama, pois além da falta de funcionários, os professores nomeados da área técnica estão em sua maioria em processo de aposentadoria e não há perspectiva de formação e nomeação para esta área.
Temos assistido ao sucateamento das escolas e a uma constante propaganda negativa da escola pública. Assim, primeiro se sucateia, depois passa-se por um processo de avaliação do desempenho. Infelizmente esse processo só serve para aprofundar os problemas da qualidade. Qualquer organização que se preocupa com a qualidade sabe que não se alcança o sucesso se os envolvidos no processo não forem ouvidos e se não lhes for dada a oportunidade de participar.
O governo agora apresenta uma proposta de avaliação por desempenho com premiação - como se fosse possível premiar a capacidade de aprender, reduzindo as turmas a objeto de manipulação como se os alunos fossem pequenas máquinas capazes de armazenar os dados que interessam aos governantes no poder. No entanto, sabemos que tudo isso tem um propósito claro de fugir do debate de uma política salarial dos trabalhadores em educação. O governo quer incentivar com prêmio e quer estabelecer através de disputas qual a melhor e a pior escola, onde estão os melhores e os maus alunos, e onde estão os bons e os maus profissionais. Esse ambiente não contribui em nada para o processo da aprendizagem, nem para o processo da construção do conhecimento e da formação dos alunos. Este, aliás, é um processo bem conhecido que pode ser comparado a uma festa "onde rola de tudo" e no dia seguinte alguém precisa "juntar os cacos".
Quero continuar a acreditar no bom senso e na valorização do ser humano. A história sempre prova que em todos os tempos a sociedade só evoluiu seus valores quando investe na formação de indivíduos de princípios, para formar cidadãos honrados, cujo trabalho contribui para o bem comum. Em meio a discussões políticas entre governo e entidade de classe representativa do magistério, encontram-se os que deveriam ser os verdadeiros protagonistas desta história. É da natureza do homem compartilhar e se entusiasmar com a descoberta do outro, com a compreensão que o levará sempre a um novo saber e, provavelmente, a uma nova solução.
A AGPTEA, entidade da qual, com muito orgulho, sou presidente, tem estado presente e atuante na defesa de condições justas e gratificantes para os seus associados e é solidária com o magistério estadual categoria que, sabe-se, anda descontente. Tenho a certeza que mais uma vez as qualidades desta categoria superarão as tentativas de reduzir a educação a um objeto de manipulação nos princípios da qualidade total.
Fritz Roloff - Presidente da AGPTEA

Um comentário:

  1. Até que enfim alguém que nao tem medo de dizer umas verdades.

    ResponderExcluir