sexta-feira, 6 de novembro de 2009

VALORIZAR A CULTURA REGIONAL



Em 15 de maio de 1970, a lei nº 5.579 instituiu o “Dia da Cultura e da Ciência”, comemorado a 5 de novembro de cada ano, como homenagem a data natalícia de figuras exponenciais das letras e das ciências, no Brasil e no mundo. A data teve como inspiração o Conselheiro Rui Barbosa, nascido a 5 de novembro de 1849. Mas o que significa cultura? É comum dizermos que uma pessoa não possui cultura quando ela não tem contato com a leitura, artes, história, música, etc. Se compararmos um professor universitário com um indivíduo que não sabe ler nem escrever, a maior parte das pessoas chegaria à conclusão de que o professor é “cheio de cultura” e o outro, desprovido dela. Mas, afinal, o que é cultura?
Para o senso comum, cultura possui um sentido de erudição, uma instrução vasta e variada adquirida por meio de diversos mecanismos, principalmente o estudo. Quantas vezes já ouvimos os jargões “O povo não tem cultura”, “O povo não sabe o que é boa música”, “O povo não tem educação”, etc.? De fato, esta é uma concepção arbitrária e equivocada a respeito do que realmente significa o termo “cultura”.
Não podemos dizer que um índio que não tem contato com livros, nem com música clássica, por exemplo, não possui cultura. Onde ficam seus costumes, tradições, sua língua?
O conceito de cultura é bastante complexo. Em uma visão antropológica, podemos o definir como a rede de significados que dão sentido ao mundo que cerca um indivíduo, ou seja, a sociedade. Essa rede engloba um conjunto de diversos aspectos, como crenças, valores, costumes, leis, moral, línguas, etc.
Nesse sentido, podemos chegar à conclusão de que é impossível que um indivíduo não tenha cultura, afinal, ninguém nasce e permanece fora de um contexto social, seja ele qual for. Também podemos dizer que considerar uma determinada cultura (a cultura ocidental, por exemplo) como um modelo a ser seguido por todos é uma visão extremamente etnocêntrica.

Conceito Social e regional
A massificação da cultura a partir dos grandes centros produtores de informações traz um sentimento de abandono e de não-pertencimento para as populações periféricas. Como uma nova forma de colonialismo, a centralização das programações televisivas, cinematográficas e da imprensa em geral tende a dissolver os laços que a cultura local sempre buscou fortalecer. Nessa geléia-geral, as comunidades rurais, principalmente no que diz respeito às gerações mais novas, passam a valorizar o "moderno", o "de-fora", o urbano, aquilo o que é dado como fazendo parte de um mundo que se deve conquistar.
Há que se renegar o passado e o atraso para adotar o asséptico mundo da TV, das modas passageiras e da produção em série. Com isso, o compadrio, as relações familiares e as formas tradicionais de organização do mundo deixam de ser válidas. As danças e diversões, o saber-fazer dos velhos, as técnicas de plantio, as rezas, chás-de-ervas, os "causos" e a sabedoria popular passam a ser desacreditadas.
Imagine-se, por exemplo, que uma plantinha miserável, como a quebra-pedra, possa curar cálculos renais. Igualmente está estabelecido pela propaganda que não é possível se ser feliz com uma pequena plantação originada em sementes guardadas da própria produção, sem o uso de sementes certificadas, de quantidades de defensivos, de inseticidas, sem se fazer amadurecer à força uma fruta, um legume. Ambas as idéias, porém, já foram comprovadamente referendadas por pesquisadores sérios. Por outro lado, cada vez mais cientistas se debruçam sobre o conhecimento tradicional e descobrem maravilhados novos remédios, aos quais apressadamente se encarregam de patentear, para prejuízo daqueles que detinham um saber desvalorizado, mas que, a partir de então, passa a ter alto valor de mercado.
Finalizando este tema repito: "Se queres ser universal, fala de tua aldeia". (Leon Tolstói) Quando será respeitado a cultura de cada indivíduo que se faz presente em nossa sociedade? Quando os tambores da imprensa e da política darão espaço para a cultura do pensar e repensar a nossa cidade? Cadernos, especiais que reproduzem as idéias dos grandes centros não é a solução. Neste dia, realmente entenderemos o porque das coisas...

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